quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Som bom #1: Apanhador Só


Fonte: Divulgação/foto de Roberta Sant'Anna


Sempre vejo as pessoas discutindo as entrelinhas dos livros, as partes brancas das folhas e os sons inaudíveis das músicas e toda a sua filosofia. Isso só piora com artes plásticas. Eu não sei se não sou mesmo capaz de certas coisas ou isso tudo é só um blá blá blá  desnecessário. - Bem provável a primeira opção, mas whatever. Eu só me apaixono por essas coisas. Mas um pouquinho de informação não faz mal...

Eu ainda via televisão, eu ainda via MTV, a MTV ainda passava entre os canais da minha televisão e lá eu assisti pela primeira vez o clipe de "O rei e o Zé" do Apanhador Só. Ainda levei um tempo pra correlacionar a imagem com o áudio, talvez eu ainda não tenha entendido, mas isso não importa. Pelo menos pra mim. Entretanto informação não faz mal a ninguém: 


Capa do álbum "Apanhador Só" de 2010.


Na estreia para os holofotes em 2010 a banda de Porto Alegre, composta por Alexandre  Kumpinski (voz/ guitarra), Felipe Zancanaro (guitarra), Martin Estevez (bateria) e pelo  Fernão Agra (baixo), lança o álbum homônimo com treze faixas, entre elas "Maria Augusta", "Nescafé" e "Peixeiro". Ele foi gravado nos estúdios " 12 experiência sonora" e "Soma". Figurando na lista dos melhores álbuns do ano, a indicação na categoria Aposta MTV do Video Music Brasil (VMB) 2010 e consagração no Prêmio Açorianos de Música, de onde o Apanhador Só saiu laureado por “Melhor Álbum Pop”, “Melhor Produtor Musical” (Marcelo Fruet) e “Melhor Projeto Gráfico” (Rafael Rocha).





Capa do álbum "Acústico Sucateiro" de 2011.

Já em 2011, eles lançaram o Acústico Sucateiro que só trás uma inédita, " Na ponta dos pés" e repete as músicas do primeiro álbum homônimo da banda. Você se decepcionaria normalmente se a banda que você gosta fizesse isso, mas as versões são lindas, segundo eles gravadas "na sala de estar de Alexandre Kumpinski no verão de 2010". As letras já são divertidíssimas, mas o arranjo ficou fenomenal. Tem som de máquina de lavar e tudo. 


Capa do EP "Paraquedas" de 2012.


Em 2012 eles lançaram o EP "Paraquedas" com duas inéditas: Salão de festas e Paraquedas. Outra coisa linda e simples. Ele foi gravado no estúdio Navegantes em fevereiro. Ainda nesse ano eles pediram apoio financeiro aos fãs  no catarse.me, conseguindo bater a meta e extrapolar o valor eles lançam logo logo, no início desse ano mais um álbum de inéditas.

Esperando ansiosa.



No site oficial você consegue baixar gratuitamente todos os discos e ficar sabendo de tudo que acontece com a banda, além de links fáceis pra's redes sociais. Enjoy!

sábado, 26 de janeiro de 2013

É a perdição.

Fotografia de alta velocidade de Alberto Seveso



Trato um pouco das minhas loucuras faz quase um ano. Entretanto a maior delas parece não ter possibilidade de alívio. E isso não deve espantar já que o máximo da minha insanidade é minha sanidade. Sou eu e como levo as coisas por aí, como penso e sobrevivo, essa é minha maior deficiência em relação a essa suposta normalidade que ainda estou em dúvida se realmente almejo alcançar.

As camadas de pensamento com que lido a todo instante, simples e inúteis talvez, mas raciocínios ainda assim, podem a qualquer instante desmoronar, mas eu os firmo com apoios.

Se for ansiedade, burrice, loucura, insegurança, não é algo simples de lidar. Entrar debaixo do chuveiro e sair de lá com um alfabeto novo, acordar e dormir espreitando papel e caneta para deixar tudo pronto, o máximo possível próximo a perfeição do que propus por impulso ou obrigação.

É a perdição.

E vem devagarinho...

Ou já que digo isso na verdade não tem nada de mais?

Ou...

sábado, 19 de janeiro de 2013

Qual a cara do remorso?



Remorso 

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!

Olavo Bilac


Eu compreendo a felicidade como algo duradouramente inalcançável e que por alguns instantes pode se fazer presente em lampejos de alegria. Alegria essa composta pela satisfação e pela saciedade. Expressar isso fica na maioria das vezes a cargo dos dentes expostos naquilo que chamamos sorriso. Hora ou outra ainda temos o som das chamadas gargalhadas para que o outro perceba em nós toda suposta alegria.
Sorrir é pra mim, dos atos humanos de nosso tempo, um dos mais fáceis. Construir a feição da alegria é obrigação prematura em nossas vidas, encucada em nossas mentes. Devemos contorcer nossos lábios para que o mundo entenda que podemos viver nele. Entretanto não se esqueça de que nascemos chorando. Chorar que é coisa nata.
Perceba que é raro que o choro esteja presente em nossos momentos de alegria. Entretanto quando alheios vemos outros chorarem e se ainda nos resignamos a saber o porquê, trazemos no inconsciente que assim que ouvirmos a resposta saberemos que ali alguma dor foi infligida. Nós a aguardamos nas lágrimas.
Mas me conte como você descreve a face do remorso? Quais formas ganham nossos lábios, quais sons emitimos, onde nossas mãos se apoiam?
Tenho por bom tempo refletido e creio que o remorso só vem à superfície onde ele nasce e isso acontece quando refletimos, na solidão. Não na solidão que se abate dos ímpares, mas aquela em que mesmo de braços dados com outrem faz teus olhos encararem o nada e fazer com que você, antes de tudo, rememore.
Não a vergonha que te deixa rubro, mas aquela que te faz esconder entre os ombros,  ela é que abre porta para que o remorso avance. É nosso julgo que cria o remorso.
Não são os olhos fixos no chão, os ombros que usa em auxílio para tentar fazer-te invisível, mas a consciência de inúmeras coisas que te causam puro asco de si mesmo, coisas que provavelmente se arrepende de ter feito. O remorso é puro tormento e é só quando os olhos do mundo que te aceita se desviam, quando os flashes param, quando só estão juntos você e seu suposto erro que o remorso se apresenta.
Se pedires para que o remorso seja mostrado, você pode conseguir tristeza, pode conseguir medo, desespero, cansaço, falsidade... Você só vai conseguir trechos dessa história longínqua que permeia os detentores dessa praga que amordaça, mas nunca mais que uma página. Nunca mais que um lampejo. Um lapso.

Ouro Preto, 4 de janeiro de 2013.




terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Utopia real


Eu vi a perfeição na manha nublada de um dia ensolarado. Ela me encantou, me fez sorrir internamente e esboçar um sinal de alegria. Era clara, tinha olhos negros que contrastavam com a sua claridade criando um equilíbrio perfeito. Um equilíbrio que num primeiro momento também me equilibrou me desequilibrando. Tirando os  meus defeitos, erros e mesquinharias.
             No meio do meu transe, o ônibus passou. Corri para pegá-lo, sentei num banco atrás da perfeição. Me senti bem, porque era como se aquela pessoa me transmitisse  algo de bom. Alguns momentos depois ela cedeu seu lugar para um velhinho que entrara no ônibus. Naquele momento tive o ímpeto de sair do meu lugar e dá-lo à ela. Mas contive-me, não queria assustá-la com a minha inferioridade. Estando em pé, eu a podia ver melhor, podia usufruir um pouco mais. Era uma paz tão grande, tão superior à qualquer paz que havia sentido que conclui que estava conhecendo a paz naquele momento. Ela estava dentro de um ônibus lotado e barulhento, cheio de pessoas apressadas e com mau humor e ninguém a percebeu, ninguém nem olhou-a.
             Chegando na universidade, senti um aperto no coração. Teria que me desfazer dela, ela iria me abandonar e me deixar só, imperfeito. Meus olhos marejaram, eu os fechei tentando aproveitar cada centésimo de segundo ao lado dela. Os segundos passaram e o meu ponto estava chegando. Minhas mãos tremiam, meu coração batia tanto que eu não sabia se ele batia mais. Meu ponto chegara, e com ele a saudade de quem viu o completo, mas para minha surpresa a perfeição também parou no meu ponto. Fiquei feliz em saber que ela fazia o mesmo curso que eu. Talvez a visse todo o dia, talvez até chegasse a conversar com ela, quem sabe sermos amigos?! Fui para sala eufórico, esperando talvez encontrá-la no intervalo,na saída, minha alegria era porque eu tinha certeza que ainda iria encontrá-la, talvez no intervalo, na saída, ou em outros dias, mas eu teria que encontrá-la.
             As aulas passaram, algumas boas, outras ruins, mas pra mim tudo era bom, cada palavra dita pelos professores entraram no meu ouvido e flutuaram num mar de luz e tranquilidade. Na saída, corri para o ponto para pegar o ônibus de meio dia. Sentei no cantinho do banco que batia sol e observei algumas pessoas conversando. Estavam criticando alguém, não me preocupei em prestar atenção, porque o papo não me interessava. Passou-se mais de 10 minutos e o ônibus não havia passado, e eu já não tinha mais paciência para escutar aquele bando de gente chata falando das coisas mais inúteis possíveis. Até que passou o ônibus que esperavam, e quando eles passaram por mim me assustei porque entre eles estava a minha perfeição. Diante daquela situação comecei a rir. Como sou idiota. Nomeei alguém que, graças a Deus, nem conheço como a figura da perfeição no qual eu queria me espelhar. Estava perguntando porque eu fiz aquilo, porque em alguns momentos eu idealizei a perfeição, mesmo nem tendo ideia do que realmente é perfeição. Percebi que sempre vivi de utopias, e do seus fins. Acho que crio utopias só para sentir a dor e a drama de vê-las cair no chão. 
                No fundo é bom se sentir triste, mesmo quando não se tem motivos para isso. Isso me dá inspiração, vontade de escrever. Na verdade a gente vive disso. De construção e quebras de ideais utópicos. Com isso a gente aprende ser real, a viver o direito de sermos e simplesmente sermos. Essa é a perfeição: SER. Ou talvez mais uma utopia minha que será quebrada um dia e se tornará tema de mais uns dos textos que escrevo. Mas esse é  preço que eu pago para viver, para poder ter a esperança de continar, de sonhar , para quem sabe um dia fazer da realidade o meu sonho, o meu ideal, o meu ser, a minha perfeição, a minha utopia real. 

sábado, 12 de janeiro de 2013

Aos leões



Depois de muitos anos, sempre renegado ao mofo da biblioteca pública, aos sites de teorias e conhecimento, as leituras que achava que não eram feitas pela maioria, os filmes desconhecidos dos amigos, das horas que ouvia tudo que não tocava no rádio e de anos de esquisitice ele entrou na academia onde os estudos mais se pareciam com os seus.
 Lá ele descobriu que todos tinham lido mais que ele, entre o mofo das bibliotecas, conheciam sites muito mais interessantes, tinham lido, assistido e ouvido coisas muito mais fodas.
 Um pouco perdido, ele se deu algumas opções: poderia assentir com a cabeça aos comentários sobre o que ele não conhecia se passar por conhecedor e correr para entender, nem que fosse superficialmente, tudo que pudesse sobre o tal assunto assim que saísse da conversa, poderia desviar desses assuntos como o diabo, se existisse, fugiria da cruz que significaria alguma coisa perigosa, poderia apenas aceitar e seguir na sua ignorância ou poderia morrer de vergonha por não saber do que falavam e se excluir e apenas desistir.
 Ele ainda não escolheu, mas continua a sobreviver aos leões da Academia. Logo mais, notícias sobre a vida nesse mundo do “cão”.

P.s.: Mas pensemos, afinal de contas mesmo o mínimo do conhecimento ajuda. Muito mais quando ele é nutrido na crítica. Muito mais naquele mundinho de quem mata mais.


 - Revisado por Gustavo Pinheiro
Imagem:  simpledesktops.com

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O começo



Depois de muitas cobranças, começo agora os trabalhos com um texto que fiz refletindo os "impactos" de uma densa (e viajada, digamos) conversa com os colaboradores do blog Geisiane e Douglas sobre as confusões dos primeiros dias na universidade.




Mistério do saber







Eles querem a universidade. Eles querem o conhecimento. Eles querem saber. Ser sabido não é para qualquer um. Poucos conseguiram, se é que conseguiram, porque no final a conclusão foi que ninguém sabe nada, nem o Nada eles sabiam. Mas eles ainda querem saber. Ainda querem olhar para o mundo e tirar dele a chave para todas as portas trancadas. Eles não vão conseguir, e sabem disso. 

Afinal, porque tanto eles querem descobrir o que já foi descoberto: que eles não vão descobrir nada. Talvez porque nem isso seja uma certeza. Talvez porque isso dê sentido às suas existências. Ou realmente eles não tem nada melhor para fazer.

Texto previamente publicado no blog Toda Opinião.